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O 'dar certo aos 30' e o processo de psicoterapia.

Foto do escritor: Marco Antonio RamosMarco Antonio Ramos


Muitos jovens adultos me relatam a famosa pressão de ter que dar certo e atingir o sucesso até os 30 e poucos anos. A partir disso me questiono duas coisas: Afinal o que é dar certo na vida para você? E como o processo de psicoterapia poderá auxiliá-lo neste caminho.


Dar certo e ter sucesso é ter casa, carros, conquistas, viagens, seguidores no instagram, facebook etc.? Sucesso é ser feliz, ter saúde, um bom emprego? Primeiramente estas definições e do que elas significam é muito relativo. O que pode ser sinônimo de dar certo e ter sucesso para mim é diferente do que pode ser para você e vice-versa. Por isso o processo de psicoterapia poderia intervir em busca da necessidade de buscar o autoconhecimento para entender “o que eu quero para minha vida, quais são minhas metas, desejos, sonhos e qual é a minha definição disso tudo”.


No contexto clínico, muitas vezes esta pressão tão relatada e sentida, pode vim dos familiares, que sendo de outras gerações realizaram movimentos e conquistas mais cedo (com trabalhos estáveis, família constituídas entre outras coisas), do mercado de trabalho que cada vez mais exige habilidades e conhecimentos que muitas vezes dependem de tempo e processos pessoais de amadurecimento, e não podemos esquecer sobre as redes sociais, onde vemos muitos e atuais “modelos de sucesso que deram certo”. Falaremos destas a seguir.


Em relação à tecnologia, redes sociais, deixo claro que estas hoje fazem parte de nossa vida e nos ajudam com diversos aspectos, além de serem essenciais na divulgação de informações, discussões de assuntos antes não comentados, e essencial no nosso modo de comunicação e expressão pessoais, sempre haverá um lado em que parece que elas contribuem para que o jovem adulto sinta-se mais pressionado a dar certo. Quem nunca viu um blogueiro ou celebridade com milhões de seguidores, milhões de curtidas, realizando viagens legais, passeios, indo a restaurantes onde muitas vezes gostaríamos de estar?


Temos o atual costume de nos projetar em modelos que consideramos um sucesso através das redes sociais e assim torna-se impreterível as comparações sobre o que vemos nas redes em relação à nossas vidas. O meio social em que vivemos também pode influenciar no modo como nos vemos quando temos a sensação de que todos estão conquistando coisas e nós não; que estamos atrasados em relação a determinada situação, e que não daremos conta de nada. A psicoterapia entra aqui como mediadora afim de auxiliar o processo de resiliência pessoal, auxiliando a pessoa a entender seu ritmo, seus processos, e a respeitá-los.


Em relação ao mercado de trabalho qual pessoa cujo chefe não apontou que deveria melhorar algo como, interação com os colegas, espírito de equipe, maior proatividade na resolução de problemas, maior agilidade nas resoluções etc. Muitos conflitos internos surgem, quando muitas vezes sentimos não nos encaixarmos neste perfil exigido mesmo quando realizamos um grande movimento de esforço para isto. A psicoterapia poderá auxiliar o indivíduo em relação ao autoconhecimento de sua tipologia definindo assim padrões, esquemas de personalidade dos estilos cognitivos que contribuirão no conhecimento do funcionamento próprio (como eu funciono, como me coloco) em relação à vida pessoal, profissional e coletiva e o que funciona de positivo hoje.


Em relação à família de origem não podemos deixar de citar antes a fase em que este jovem adulto se encontra: é a saída, a transição da adolescência para a vida adulta de fato. O enquadre e definição de adolescência está sendo considerada atualmente até mais ou menos os 25 anos de idade do ser humano, marcando muitas mudanças significativas na vida do indivíduo, como a citada acima. Nesta fase, geralmente o jovem adulto está em transição de vida de estudante para vida profissional, ou transição de carreiras, pelo fato de a antiga não ter causado identificação onde muitos optam por fazer outra graduação, mudar de emprego, provocando muitas inseguranças;  e muitos jovens ainda moram com a família de origem (pais, irmão, avós), sendo mais um fator de grande importância em toda uma ânsia pela busca da tão sonhada independência.


A família possui um papel muito relevante na vida do individuo por ser o primeiro grupo social onde este é inserido desde seu nascimento, colaborando em formações muito importantes. No processo de transição muitas vezes, o jovem adulto sente-se ou de fato é responsável por parte da renda familiar, gerando grande responsabilidade no jovem, além de uma codependencia, esta, que amarra o individuo a uma “lealdade inconsciente” entre os membros, onde não se sobra muita margem para o individuo sentir-se à vontade em deixar o seio familiar.

Quando a questão da renda não é necessariamente o caso, outro fator que aparece muito é quando jovem sente-se responsável pela harmonia no lar, chegando a acreditar ter responsabilidades pelo casamento dos pais, e pela relação destes com os irmãos. Isso tudo gera questionamentos e sentimento de insegurança e angustia, pois o jovem adulto se sente responsável por um relacionamento que não foi e não é escolha dele, no caso do casamento dos pais.


A partir disso, o sujeito acaba sentindo-se preso ainda a este núcleo impedido de poder viver sua propria vida. É como se este jovem sentisse não ter permissão para seguir com sua vida. Isso também pode ser mais complicado quando não há bom relacionamento com a mae ou o pai, chegando a se projetar conteúdos inconscientes provenientes destes vínculos em seus em relacionamentos pessoais (vide aqui, num relacionamento amoroso, relacionamentos com colegas de trabalhos, chefe, professores, amizades entre outros). A psicoterapia entra aí como grande aliada para a pessoa entender sua história familiar, resgatando questões que há muito tempo estão “enterradas” em sua psique, contribuindo para a reformulação e reintegração destes aspectos na psique, além de avanços, incluindo melhorias de comunicação nos relacionamentos familiares, e externos, como trabalho ou relacionamento pessoal.

 

Em relação a tudo isso que discutirmos, dê um ok se você se sentiu ou se sente:


  • Inseguro sobre sair da casa dos pais e sente-se perdido por onde pode começar.

  • Responsável pelo relacionamento dos pais.

  • Responsável pela boa comunicação entre seus pais se seus irmãos.

  • Responsável pelos relacionamentos dentro de casa.

  • Sente-se responsável pela felicidade da família.

  • Sente que não tem permissão para seguir com sua vida.

  • Sente que seus relacionamentos nunca dão certo porque você se auto sabota, ou você é o problema.

  • Sente que os relacionamentos não dão certo porque não se sente preparado.

  • Sente que na sua idade deveria já estar com a vida ganha.

  • Sente que já deveria ter conquistado muitas coisas quando não as conquistou.

  • Sente que na sua idade você não está conquistando tudo o que poderia conquistar enquanto todos os outros o estão fazendo.

  • Atrasado em relação as pessoas da sua idade.

  • Sente que sua vida está atrasada ou estagnada em relação aos outros e as pessoas das redes sociais.

  • Sente que não conseguirá dar conta de nada, incluindo os desafios que aparecerem na vida.

  • Sente que sua transição está sendo muito dolorida.

  • Sente que pode perder o emprego por não conseguir encaixar-se.

  • Sente que o chefe exige habilidades que você ainda não tem desenvolvidas (mesmo que as já tenha).

  • Sente-se incapaz de lidar com os desafios do dia-a-dia

  • Sente que necessita realizar o movimento de reaver sua história de vida, familiar e pessoal.


O que fazer diante disso tudo? Passar por um processo psicoterapêutico poderá te trazer inúmeros ganhos através da ressignificação da historia de vida, entendendo os processos pessoais, familiares e coletivos, e onde você se encontra nisso tudo além da obtenção da resiliência, onde cada um em seu processo poderá refletir sobre seus caminhos, conquistas, reconhecendo que cada um está dentro de seu tempo, para assim atingir o tão falado sucesso.

 

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